Investimento feito pela prefeitura possibilitou o aumento de usuários em atendimento e a diminuição do tempo de espera para acesso ao serviço
Respirar é uma das ações mais básicas da vida. Os movimentos de contração e expansão dos pulmões levam oxigênio e vida ao organismo. Respirar é viver. Mas há pessoas que, por diferentes razões e em fases distintas da vida, não conseguem respirar direito e precisam do auxílio de aparelhos para que seus corpos possam receber a quantidade necessária de oxigênio. E o melhor é que, dependendo da situação, nem é preciso ficar internado em um hospital para ter acesso a tecnologias que ajudam a respirar melhor. O Serviço de Oxigenoterapia Domiciliar de Contagem possibilita que pessoas em diversas fases da existência possam contar com esse auxílio na sua própria casa.
Trata-se de um serviço de saúde muito importante para melhorar a qualidade de vida das pessoas com enfermidades como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibrose pulmonar e cardiopatias, além de pacientes em cuidados paliativos, que estão em fase terminal de vida.
Além de possibilitar o atendimento no próprio domicílio, o serviço ainda contribui com as desospilatizações e a disponibilização de mais leitos hospitalares, na medida em que propicia a assistência em oxigenoterapia domiciliar prolongada (odp) e ventilação mecânica domiciliar (vmd) a pessoas que apresentam condições clínicas e administrativas de saírem do ambiente hospitalar, local no qual a permanência aumenta riscos de infecções, contribuindo para a liberação de mais vagas em hospitais.
O enfermeiro responsável pelo Serviço de Oxigenoterapia Domiciliar de Contagem, Hudson José da Silva, destaca que atualmente não há fila de espera para acessar o serviço. “No ano passado, a espera média para inclusão no serviço era de 60 dias de espera. Hoje, a espera média é de apenas uma semana, somente o tempo necessário para que possamos verificar se os critérios clínicos e administrativos para admissão no serviço estão contemplados”, afirma Hudson. Esses critérios são definidos pelo Ministério da Saúde (MS) e estão disponíveis clicando aqui.
Os critérios para admissão incluem a apresentação de documentos como laudo atualizado e emitido por um médico vinculado ao SUS, exames gasométricos e clínicos e uma situação domiciliar compatível com as condições mínimas para a prestação do serviço.
Ainda de acordo com Hudson José da Silva, neste ano, a Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), investiu na ampliação do contrato de prestação do Serviço de Oxigenoterapia Domiciliar, que aumentou em quase cinco vezes. O incremento possibilitou que o número de pessoas atendidas passasse de 278 em dezembro de 2017 para os atuais 325 usuários do serviço.
Luta para respirar em diferentes estágios do ciclo da vida

O pequeno Breno recebe os serviços
O pequeno Breno, com pouco mais de cinco meses de idade, está no início da jornada da vida e já luta para respirar. A mãe dele, Eliete Barra Figueredo, conta que o bebê nasceu com um problema em uma veia do coração, uma cardiopatia, que o impede de respirar direito. Por causa disso, Breno está em atendimento na oxigenoterapia domiciliar desde o nascimento. Mas as expectativas são promissoras e a tendência, diz Eliete, é de que ele precise cada vez menos do suporte para respirar à medida que cresça. “Antes, ele usava litros de oxigênio. Agora, é só um litro a cada 24 horas. Diminuiu demais. Ele está no processo de desmame da oxigenoterapia”, explica a mãe.
Em uma outra extremidade da jornada está Silvio Barbosa Alves, de 77 anos, que tem uma pnemopatia e vive constantemente conectado a cilindros de oxigênio. Ele relata que é atendido pela oxigenoterapia domiciliar há oito anos e que o prognóstico é de dependência permanente do serviço. Mas isso não o impede de ter uma vida ativa e, principalmente, feliz. “Já fiz meus exercícios e agora estou tomando sol. Para quem está se aproximando dos 80 anos, fazer isso é muito importante”, aconselha Silvio, enquanto se aquece na parte externa da casa onde vive com os raios de sol de uma manhã de inverno.
Silvio dispõe de dois cilindros grandes de oxigênio, um na sala e um no quarto, para que possa ter mais autonomia e liberdade para transitar em sua casa. E para sair de sua residência e ganhar o mundo, sempre com elegância e garbo no vestir e no falar, ele leva consigo a sua “cachorrinha”, maneira carinhosa à qual ele se refere ao pequeno cilindro de oxigênio acoplado a um dispositivo com rodinhas que o acompanha sempre que ele sai de casa.

Silvio tem mobilidade com o serviço
A vida de Silvio é marcada por dificuldades de respirar e, junto com ela, por uma vontade de viver com alegria no coração. Ele diz que começou a fumar com dez anos de idade e que teve tuberculose aos 28, quando ficou internado em um sanatório na cidade de Juiz de Fora (MG) por três anos e teve que retirar um dos pulmões. Ele conta também que luta para respirar desde que nasceu, por causa de um problema de bronquite. “Minha mãe conta que eu era como um gato: ficava com o rosto todo arranhado por causa da dificuldade de respirar”.
O caso de Silvio é um exemplo de como o funcionamento integrado da rede de assistência à saúde pode contribuir para a qualidade e a expectativa de vida das pessoas: além de receber atendimento em oxigenoterapia domiciliar, Silvio frequenta sessões de fisioterapia respiratória no Centro de Consultas Especializadas (CCE) Iria Diniz duas vezes por semana, com o trajeto de ida para as sessões e de volta para casa feito graças ao transporte sanitário da rede SUS/Contagem. “Se fico sem o oxigênio o coração vai acelerando, a cabeça vai tonteando, a glicose sobe. Se não fosse o oxigênio, eu já teria descido para o andar de baixo. Ainda há um fogo de vida em mim e eu sou feliz, acordo alegre e vou dormir alegre. A felicidade está dentro de nós, e não está em ninguém ou nada fora de nós mesmos”, afirma o guerreiro.
E como o ciclo da existência é composto por nascimento, vida e morte, há também entre as histórias que compõem o Serviço de Oxigenoterapia Domiciliar de Contagem relatos de gente que já partiu deste mundo e que pôde contar com toda a assistência para respirar até o último suspiro de vida. Jacqueline Costa Oliveira diz que o pai, Vítor da Costa, ficou em atendimento na oxigenoterapia domiciliar por 16 anos, tendo falecido em março de 2018. O pai dela foi um dos primeiros pacientes a serem atendidos no serviço, criado em Contagem no ano de 2005. Na terça-feira (7), ela esteve no setor de Oxigenterapia Domiciliar, situado nas instalações do Centro de Consultas Especializadas (CCE) Iria Diniz, para relatar que foi procurada por uma pessoa que se identificou como sendo do setor de Oxigenoterapia, para que fosse quitada uma suposta dívida da família pela prestação do serviço. Ela foi orientada a acionar a polícia, porque a gratuidade das ações e serviços de saúde é garantida por lei (Art. 43 da Lei nº 8.080/1990).

O SUS é gratuito e um direito
“É a terceira vez que uma pessoa nos procura para tentar cobrar uma dívida que teríamos com o serviço de oxigenoterapia e pelo uso do oxigênio. Mas o meu pai morreu e eu até já trouxe até aqui os papéis dele aqui, e queria saber se existe mesmo alguma dívida com vocês”, disse Jacqueline. “Mas o SUS é gratuito, dona Jacqueline. Isso é uma tentativa de golpe. Se alguma pessoa procurar novamente por você, ou alguém da sua família, fazendo alguma cobrança por causa da oxigenoterapia do seu pai, pode saber que é golpe. Nesse caso, a polícia deve ser acionada”, instrui o técnico de enfermagem Renato Lopes Martins, que faz parte da equipe do serviço.
Jacqueline conta que o pai era fumante e que teve um nódulo no pulmão. “Se meu pai ficou vivo por todo esse tempo, foi por causa do oxigênio daqui. Remédio, os acessórios do oxigênio, tudo ele ganhou. Aqui é muito bom, as pessoas são muito dedicadas, não tenho nada a reclamar. Tudo o que eles fizeram pelo meu pai não tem preço”, agradece Jacqueline. Renato, técnico de enfermagem do serviço de Oxigenoterapia Domiciliar de Contagem, reforça que, embora contar com a gratidão seja muito bom, não se trata de um favor, e sim, de um direito, garantido constitucionalmente no Art. 196: “SUS é gratuito, dona Jacqueline, SUS é um direito”.
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Repórter: Carolina Brauer
Foto: Carolina Brauer
Data: 08/08/2018